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sexta-feira, 11 de junho de 2010

CAPIM




Quando nasce o sol, desço do meu resguardo

e me curvo ante teu brilho, sublime, magestoso.
Porto uma garrafa de gin, vazia e indecente,
supostamente reciclando teu conteúdo em mim.
Sobre a relva orvalhada,
consigo divisar todos os brilhos,
todos os reflexos e toda a clareza do sol que nasce.
E permaneço impávido, debutante.
Sol que nasce sem nunca morrer.
Um estouro de pneu, uma faca na mão direita,
Um corre corre descabido.
Rumino meu capim que ainda agora pastei,
e sei que meu horizonte terá um fim se eu parar de andar...
A doença da cabeça alcoolizada é o delírio dos gestos desconexos,
do titubeio das palavras e da perda do medo.
Um absurdo de outrora, uma desistência,
um falso alarme...
Tudo vem à cabeça e desfalece a face.
Distante está a clareira,
e meu circunspecto amanhecer discorda
da minha alegria.
Preciso parar com o gin,
só ruminar meu capim...