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quinta-feira, 12 de julho de 2012

DISTÂNCIA

Sem falar, sorrir ou olhar,
num desprezo qualquer se faz calar.
Sem ao menos tirar os sapatos, se deita calma e alheia,
Sem um jeito ou lugar, se faz vítima e dispersa,
Se faz só, introspecta e distante.
Sem nada, sou o espelho do nada e a largura da angústia.
Sem tudo, sou o reflexo da inexistência e o comprimento da amargura.
Pena não ser mais necessário sorrir, beber por beber, falar por falar...
Pena ser tão necessário se esconder, abandonar e repudiar, ferir e gritar, soluçar sem sentido.
Pena ser tão necessário apaziguar o silêncio inventado,
Pena desistir daquilo que era insistência e residir na fuga.
Pena descobrir que pouco mais que um metro
se transformou em mais de mil kilometros,
E mil kilometros representavam menos de um metro...