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quinta-feira, 26 de novembro de 2009

DELÍRIOS I

Sempre houve você.
O vento vem me incomodar.
Não existe paz na minha realidade.
Meus pés descalços não querem me levar de volta.
A montanha é muito íngreme
e estou escorregando, estou caindo.
Lá embaixo está a solidão me esperando,
sempre com seus braços abertos.
Tenho pressa e você não entende
que a minha cidade é você.
Você é minha cidade.
Minha vez de participar do jogo nunca chega.
Um latido angustiante, um resto de ração,
um uivo, um gemido...
Meu coração não consegue se livrar
dos cães famintos.

Minha cabeça tem guizos.
Sou nada e doravante serei menos ainda.
Acho que meu coração quer parar.
Quer rever os amigos que se foram.
Se foram ontem, ontem mesmo se foram.
O abandono de um amigo fere a alma.
Mas o desprezo tortura a alma,
esfola os sentidos.
Meu coração insiste em querer parar...
Um tropeço, um susto, um cheiro de sangue...
A quaresma de meus sentidos não tem término.
Sou louco, sou fraco, sou viajante.
Tenho sede, tenho pressa, tenho a solidão.
Não me procure, não me escute,
não perca tempo.
O juízo tem que ser seu.
Nenhuma estrela está brilhando agora.
Vou voltar pra casa,
vou calçar minhas sandálias,
vou tomar um banho, vou desligar a TV.
Minha caixa de mensagem está cheia.
Meu computador está ligado,
mas estou com muito sono.
Até mais...