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quinta-feira, 12 de julho de 2012

APARÊNCIA

Se tivéssemos a coragem de abolirmos
todas as tintas de nossa vida, restaria o branco da verdadeira aparência, sem maquiagem, sem falsa juventude e sem falsa beleza.
Hoje, sou falso jovem na minha velhice, verdadeiro branco na minha negritude e feliz com minha abominável aparência real...

DISTÂNCIA

Sem falar, sorrir ou olhar,
num desprezo qualquer se faz calar.
Sem ao menos tirar os sapatos, se deita calma e alheia,
Sem um jeito ou lugar, se faz vítima e dispersa,
Se faz só, introspecta e distante.
Sem nada, sou o espelho do nada e a largura da angústia.
Sem tudo, sou o reflexo da inexistência e o comprimento da amargura.
Pena não ser mais necessário sorrir, beber por beber, falar por falar...
Pena ser tão necessário se esconder, abandonar e repudiar, ferir e gritar, soluçar sem sentido.
Pena ser tão necessário apaziguar o silêncio inventado,
Pena desistir daquilo que era insistência e residir na fuga.
Pena descobrir que pouco mais que um metro
se transformou em mais de mil kilometros,
E mil kilometros representavam menos de um metro... 

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Sinto...

Deprê.
Ainda sem conseguir desatar os nós
das gargalhadas de deboche,
Sinto que sou mesmo isso.
Ainda sem saber por que temo
a perda e o desamor,
Sinto que sou mesmo isso.
Ainda sem pensar, decidir ou contemporizar,
Sinto que sou mesmo isso.
Ainda sem ter errado, sem ter
traído e sem ser amado,
Sinto que sou mesmo isso.
Ainda sem ter alguma confiança,
sem ter valor ou esperança,
Sinto que sou mesmo isso... nada! 
Ainda sem ter valor, sabor ou calor,
Sinto...

Silêncio

Silêncio.
Estou em desacordo com o meu coração.

Um Fernando ou Betinho trazem saudades e felicidade...
Não sou responsável por isso, mas sou a derrota,
a causa e o imbecil.
Estou aqui, de mané, arquitetando um sorriso idiota.
Com uma cabeça pesada por antenas que só  captam o deboche e a zomba.
Desperdiçando suor honesto, descoberto de felicidade e dando a outra face.
Sou absolutamente nada e ainda temo por ser menos.
Meu sorriso desperta uma névoa que encobre um trouxa de pseudo-homem.
Que desastre é esse de pensar que o amor é isso???
Sou pária, carma, destroços e bobo.
Sou eu. Sossegado, consciente e sensato, orgulhoso e feliz, sincero e claro,
um negro feliz.
Não fiz nada errado e consolo meu coração
com um único tiro.
Silêncio.
E ainda se não bastasse, o Corinthians foi vencedor...

Silêncio.